Em junho de 2020, um incêndio atingiu parte do Museu de História Natural da UFMG. O acidente levantou uma discussão sobre prevenção em imóveis históricos. Conversamos sobre o assunto com Cristina Braga, proprietária e responsável técnica pela Prevent Engenharia, associada Abrasip-MG. 

O imóvel não possuía o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Deverá ser instaurado um inquérito policial para a investigação. Para Cristina, “a grande perda refere-se ao acervo fóssil do museu, que pode ter tido consequências irreparáveis. Estamos falando da perda de registros históricos de fósseis que contam a história evolutiva da ocupação de nosso estado. Um povo sem história é um povo sem memória e sem valores”.

Ela ressalta que a reconstrução do prédio com a devida segurança só será possível com a contratação de empresa de engenharia especializada. Porém, sobre investimento do governo no setor, a engenheira reclama do descaso com o patrimônio público: “as medidas de segurança para prevenção de incêndio são vistas como despesas e não como investimento”.

Quais medidas devem ser tomadas?

Para a proprietária da Prevent Engenharia, a primeira medida que deve ser tomada para prevenir acidentes do tipo é a instalação dos equipamentos necessários e a regularização do processo junto ao Corpo de Bombeiros. “A mais importante, entretanto, é a manutenção das condições de funcionamento das instalações”, ela afirma.

“Uma grande causa de acidentes é a precariedade das instalações elétricas aliada às gambiarras feitas para derivações e acréscimo de pontos elétricos”, pondera a profissional. Deve ser feita a manutenção periódica dos equipamentos de segurança e também o treinamento de uma Brigada de Incêndio com funcionários capacitados para fazerem o combate nos primeiros minutos, antes da chegada do Corpo de Bombeiros”.

Situação irregular

Cristina mostra um dado estarrecedor sobre a prevenção em museus em MG:

“Em consulta ao Corpo de Bombeiros, fomos informados que 89% dos museus do estado estão em situação irregular em relação às medidas de prevenção”. Sobre recuperação, ela cita o exemplo do Museu Nacional: “Em 2018, após o incêndio no Museu do Rio de Janeiro, a instituição determinou uma força tarefa para vistoriar todos os museus da cidade”.

Mas um investimento do tipo em Minas, para a engenheira, parece difícil no momento: “nosso governador vem se empenhando para conseguir verba para garantir o pagamento da folha do funcionalismo público. Isso significa que não existe verba para investimentos. Os gastos são feitos por definição de prioridades e a preservação de nosso patrimônio histórico e cultural é considerada como despesa secundária”.

Cristina Braga é proprietária e responsável técnica pela Prevent Engenharia, empresa associada Abrasip-MG. Engenheira Civil com especialização em segurança do trabalho, possui pós-graduação em engenharia de prevenção contra incêndio.