Abrasip, em parceria com o Sebrae, reuniu especialistas para discutir as novas tendências tecnológicas e evoluções das instalações prediais.
A 16ª edição do Seminário de Atualização Tecnológica (SAT) realizado nos dias 17 e 18 de setembro em Belo Horizonte, concluiu as atividades propostas com um público de 160 pessoas. O evento é considerado um dos mais importantes do setor, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip-MG) em parceria com Sebrae. Os assuntos debatidos legitimaram como a tecnologia transforma e impacta – cada vez mais rápido a sociedade e toda uma cultura global.
Além de investimentos no setor e estímulo à cultura de pesquisa, o seminário discutiu mudanças em normas da ABNT, a transformação que será realizada a partir do consumo e utilização de carros elétricos e híbridos, assim como ressaltada a importância do tripé: indústria, pesquisa e mercado ao caminhar juntos em parcerias e trocas de experiências com o objetivo de fomentar o desenvolvimento no setor. “Nossa setor poderia se reunir, como a da mineração tem feito, para promover mais pesquisas e melhorias nas atividades e buscar novas alternativas tecnológicas e de sustentabilidade”, afirmou o presidente da Abrasip, Bruno Marciano.
Em busca de apresentar e debater a urgência do setor e em adequar-se e acompanhar a evolução tecnológica, o evento ainda enumerou novidades na área de engenharia de sistemas prediais e o destacou o quanto é inevitável a busca e implementação de soluções, que facilitam a vida da sociedade e evitam transtornos, além de promover segurança, sustentabilidade e transparência.
De acordo com Bruno Marciano, a valorização da Engenharia de Sistemas Prediais, passa pela evolução tecnológica e neste evento os grandes destaques foram as instalações de ar condicionado, hidráulicas, sistemas eletrônicos/automação, elétricas, normas e importância do estabelecimento de parcerias na área de inovação e pesquisas.
Mudanças em normas da ABNT
Logo no início do seminário, o engenheiro Sérgio Gnipper, apresentou informações e explicações a respeito do impacto da norma da ABNT NBR 5256 nos projetos de sistemas prediais de água fria e quente, sobretudo, as suas principais alterações.
“A norma vigente tem cerca de 20 anos, fazemos estudos e propostas de melhorias há quase 10 anos, principalmente para evitar contaminação da água do reservatório. Sou o secretário do Comitê de Estudos e autor do texto base para esta alteração, ou seja, estou desde o início desta discussão e percebo o quanto essas mudanças são imprescindíveis para uma evolução do problema. O que destacamos é que as normas técnicas oficiais são obrigatórias, mas quando não estão contempladas na legislação, a ABNT preenche as lacunas. Temos necessidade de alterações de normas antigas, pois quando as regras vigentes foram pensadas o cenário, as técnicas e tecnologias eram outras e as necessidades também”, destacou Gnipper.
Inovação: parceria entre laboratórios, indústria e governo é fundamental
A gerente de Negócios e Parcerias da Fundep, Janayna Bhering; o diretor de Fomento ao Ecossistema de Inovação da Secretaria do Estado de Desenvolvimento de Minas Gerais, Pedro Vaz e o gerente-geral de Inovação e Desenvolvimento da Arcelor Mittal, Rodrigo Carazolli, apresentaram informações e debateram ideias no painel sobre Desenvolvimento Sustentável do Setor Construtivo do Brasil e foi um ponto de grande destaque no SAT 2019, mediado pela gerente de Negócios, Gláucia Anete Ferreira da Silva.
“É muito importante um diálogo entre a academia e os produtores. Pesquisadores podem e devem ser demandados pela indústria, sendo esta ação uma excelente oportunidade para oferecer melhores soluções à sociedade e esta relação não está mais complexa como antigamente”, explicou Janayna Bhering.
“A construção civil é destaque na pauta de desenvolvimento econômico e o governo deve articular parcerias entre universidades, indústria, mercado e sociedade, assim todos prosperam em conjunto e geramos mais riquezas”, explicou Vaz. Ele ainda ressaltou que o Hub Minas é um ótimo exemplo de programa desenvolvedor de políticas públicas mais assertivas que viabiliza a criação, consolidação e competitividade de tecnologia e inovação e que, pode ser um excelente braço desenvolvedor para a construção civil.
Ao falar das mudanças tecnológicas cada vez mais rápidas e constantes, Pedro Vaz afirmou que as empresas brasileiras precisam adequar melhor seus processos internos e acompanhar o mercado externo e inovação tecnológica. “Cerca de 52% empresas que fecham as portas não conseguiram se manter por não estarem atentas ou não se adaptarem às mudanças na área de tecnologia.”
Para acompanhar a constante evolução tecnológica a Arcelor Mittal, Rodrigo Carazolli, explicou que a empresa investe em centros de pesquisa em todo o mundo e que abriu essa prática para estabelecer parcerias com universidades. “Com a UFMG e a USP temos projetos promissores, criamos laboratórios, frentes de pesquisas para buscarmos soluções, criar e testar novas tecnologias”, ele aponta este tipo de iniciativa como crucial para o desenvolvimento do setor.
Neste mesmo viés, Patrícia Macedo, da Construtech Innovation, que é uma venture builder focada nos setores de Construção Civil e Imobiliário que seleciona de forma contínua inovações aplicadas, chamou atenção para a urgência em criar mais soluções, além da aplicação do BIM na construção civil.
“Quando falamos de inovação na edificações, pensamos logo em BIM. Mas temos que pensar mais à frente. Há inúmeras startups trabalhando em tecnologia, para criar e aprimorar materiais como tinta fotovoltaica, concreto que gera energia, assim como vidros desenvolvidos com o mesmo objetivo e tudo isso é feito para melhorar nossas edificações, nossas vidas e ainda diminuir recursos, sermos mais sustentáveis”, destacou.
Patrícia também alertou que profissionais e empresários da área precisam se atualizar sempre, muito mais que apenas em eventos anuais. “Empresas que não acompanham as mudanças, principalmente as tecnológicas, correm sério risco de extinção. Outro ponto de muita atenção que precisamos ter é sobre a Inteligência Artificial, ela pode deixar processos mais baratos, mais eficazes, mais produtivos e ainda podem otimizar os recursos”, enfatizou.
Ainda de acordo com o presidente da Abrasip, Bruno Marciano, a valorização da Engenharia de Sistemas Prediais no SAT passou por palestras que discutiram sobre a evolução muito rápida da tecnologia, a importância de se estimular a cultura de pesquisa no setor, assim como as instalações de ar condicionado – explicitando que atualmente os produtores têm oferecido máquinas com cada vez mais automação, mas que o papel do projetista é crucial para as melhores soluções nas estruturas prediais. Houve destaque para inovações hidráulicas, nos sistemas eletrônicos/automação e elétricas. Em relação à energia fotovoltaica, o professor do SENAI, Rildo William Corrêa. Ele mostrou que a instalação das placas fotovoltaicas devem seguir as normas técnicas vigentes, pois são importantes para que a geração e a segurança do sistema sejam conforme as expectativas dos consumidores.
“A qualidade do ar também é eficiência. Vivemos a indústria 4.0 e hoje temos aparelhos com maior automação e isso é importante para termos controle total e dados em tempo real a respeito deles. Além de saber o que ocorre podemos nos antecipar a problemas e sermos mais estratégicos. O papel do projetista neste cenário é angariar as melhores técnicas, boas práticas e indicar as melhores soluções”, afirmou Francisco Pimenta da Climatizar Engenharia. Ele ainda apresentou um breve histórico sobre a evolução do ar condicionado e ressaltou as principais características de cada modelo e suas melhores aplicações.
“Além de todas as palestras extremamente técnicas, tivemos ao fim do primeiro dia, um momento para a palestra Os temperamentos humanos e suas implicações nas relações profissionais, com o palestrante Cristiano Chaui, discutindo sobre nosso recurso mais precioso: as pessoas. Sua abordagem sobre inteligência emocional e da competência relacional serão cada vez mais necessários nos dias atuais e é o que diferencia humanos de robôs.
No último dia do seminário, o evento contou com uma manhã repleta de informações, já iniciado o Minascon. O painel apresentou informações de fabricantes de postos e tecnologia para a recarga de veículos elétricos. “Temos que ficar atentos e buscar soluções nesta área. Muitos fabricantes de carros têm investido em modelos elétricos, híbridos e similares e precisamos nos adequar a este futuro bem próximo, sobretudo em nossas edificações”, pontuou Patrícia Lorena, representante da Loja Elétrica.
No SAT deste ano a Abrasip voltou às suas origens e realizou o evento ‘dentro’ do Minascon, assim como há 15 anos. “Reunimos nossos eventos novamente com promoção da CIC (da Fiemg) e também pelo Sebrae, envolvendo todos os agentes da indústria da construção civil. E isto só foi possível pela sintonia e propósitos de constante busca de inovações tecnológicas”, ressaltou Marciano. O 16º Seminário de Atualização Tecnológica da Abrasip-MG contou com o apoio do SEBRAE, SINDUSCON, FIEMG, CREA, CAU, ABRAVA, AMEI, AsBea, SINAENCO, CBIM e do Instituto Metodista Izabela Hendrix.